De vez em quando sinto uma falta de ar violenta. Mas não se preocupe, acho que não tem nada de errado
comigo ou com meus queridos pulmões. A coisa vai mais além (e vem mais de dentro): está difícil viver. É
julgamento aqui e ali, feito bala perdida. Sobram juízes, sobram deuses, sobram entendidos em todos os
assuntos. E falta um pouco de olho no olho e compaixão.
Esse nosso mundo está cada dia mais complicado, acho que os valores estão escorrendo pelas nossas mãos.
E ninguém quer parar, pisar no freio, respirar fundo e olhar para os dois lados. Todo mundo segue
acelerando sem olhar para trás, sem se importar com o bem-estar do outro. Até quando? Até quando as
agressões serão gratuitas? Até quando a gente vai aplaudir a moça que raspa a cabeça na televisão? Até
quando a graça vaiser rir da desgraça alheia? Até quando vaiser bonito falar palavrão e tomar tarja preta?
Até quando vaiser legalsair com a bunda aparecendo no meio da rua? Até quando você vaise preocupar se
a filha de A ou B tem a doença C? Até quando você vai apontar o erro do outro ao invés de reconhecer
seus próprios erros?
Não aguento mais esse ti-ti-ti, esse bafafá, essa gente que não é capaz de olhar para si primeiro. Tudo
precisa de rótulo, tudo precisa ser debatido, tudo precisa virar confusão, tudo é levado para o outro lado e
encarado como crítica. As pessoas estão sensíveis e agressivas demais. É contraditório, eu sei. Mas jogam mil pedras nos outros e ficam ofendidas por pouco. Isso é demais pra mim. É por isso que cada vez mais eu
me fecho no meu mundinho. E lá entra quem eu quero, quem é da minha tribo. Porque esse mundo onde
tudo é guerra, confusão e gritaria não é comigo. Não gosto do grito, prefiro os meus silêncios. Não gosto da
confusão, sou do time da calmaria. Não gosto do tumulto, prefiro a paz. Não gosto da fofoca, prefiro falar
com os olhos. É mais humano, mais leal, mais digno, mais legal.
Acho que as pessoas andam perdidas. E fazem a maior questão de se preocupar com o que está fora.
Esquecem que o que nos acompanha é o que fica lá dentro. E essa é a nossa melhor e pior parte.
Clarissa Corrêa. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário